Antes
de falar sobre o livro tenho que fazer algumas considerações, estou com uma
lista enorme de para comprar nas livrarias pela internet ou na loja física e o
livro de hoje não estava nela, embora seja de uma autora que eu adore, primeiro
que o preço dele é caríssimo (R$55), depois que tem vários lançamentos de
romance, coisa que eu não lembro de acompanhar lançados no formato livraria e
se tornando bestsellers conceituadíssimos, pois por mais que eu seja nova ainda
acompanhei um certo preconceito sobre a literatura de mulherzinha aqui no
Brasil, o país da autoajuda e minha opinião sobre o tema os leitores podem ver
no post Sobre a Febre de Livros de Mulherzinha. Finalmente o livro da resenha
de hoje tem exatas 783 páginas na versão da editora BestSeller e foi datado
como sendo de 1991, por um golpe do destino achei ele jogado num saldão de
livraria por R$14,90 e essa leitora encantada com Judith Mcnaught, não poderia
perder uma oferta dessas.
Livro:
Em Busca do Paraíso - Judith Mcnaught
Sinopse:
Em Busca do Paraíso é a história de dois jovens apaixonados, separados pela
tirania de um homem arrogante e poderoso que se dá o direito de manipular
pessoas e mudar o rumo de suas vidas.
Pertencente
a uma tradicional família de Chicago, Meredith Bancroft jamais teria
reconhecido Matthew Farrell, não fosse uma brincadeira do destino. Tudo parecia
perfeito até eles serem separados e forçados a sufocar seus sentimentos.
Porém,
Meredith e Matthew se reencontram 11 anos depois. Seus olhares se cruzam e só
há um caminho para resgatar tantos anos de separação - a sinceridade do
verdadeiro amor.
Primeiro
eu tenho que confessar, quem nunca leu nenhum livro da autora pode achar o
início da história chato, ou mesmo desanimar com o número de páginas, como já
conheço e aprovo entendo que quando ela vai escrever uma história, ela costuma
fatos que foram bem anteriores a situação central da história e que as vezes a
gente até pensa, que isso tem a ver com a fulana e o beltrano. Pra mim é um
grande ponto, com isso nós podemos entender porque os personagens tomam
determinadas atitudes, o motivo de alguns tipos de preconceitos e o que levou a
estar aonde estão. Então é isso Meredith Bancroft é a protagonista pobre menina
rica da história, criada por um pai que foi "traído", abandonada pela
mãe, a mocinha de 14 anos estuda numa escola ultrapassada e frequentada por
crianças pobres, só porque o pai acha que a disciplina moral nela é maior e
está prestes a ir para um internato com quase a mesma rigidez, sofre bullying
na escola e sonha em um dia assumir a presidência da loja de Departamento
Bancroft e Company, que pertence a seu pai, herança de família, namorar Parker
Reynolds um colega de infância herdeiro de um banco e ter amigos e ficar
bonita, nessa parte ela conhece uma pessoa que vai mudar um bocado sua vida, a
jovem descendente de italianos Lisa Pontini, que vai ser sua "irmã"
na história. Depois acompanhamos a vida de Meredith em um internato em Vermont
para concluir o ensino médio, seu desabrochar, sua beleza, amizade, ambição de
estudar numa conceituada faculdade dos Eua, suas brigas com pai e sua ainda
obsessão por Parker, que agora já era um adulto prestes a se casar com uma
outra moça. Eis então que ela conhece numa festa de um modo louco e mostrando a
futilidade da vida dos ricos Matthew Farrell, um jovem sedutor que ambiciona
ficar rico com ótimo grau de instrução que estava prester a ir desbravar os
poços de petróleo na Venezuela (como todo mundo sabe é um produto que o país
têm bastante e agora some com o ano que a história se passava 1978), é aqui
então que a história começa, o que aconteceu anteriormente foi informações para
nos leitores pudéssemos perceber as atitudes tomadas nesse ponto. Meredith e
Matt, ficam amigos, trocam provocações e acabam enlouquecidos em uma única noite
somente, em que Meredith resolveu provocar o pai. Como nos romances essas
coisas sempre tem consequencias, Meredith aos 18 anos fica grávida e resolve
procurar Matthew, na casa dele uma fazenda humilde no estado de Indiana, que
ele mora com o pai um ex alcólatra e a irmã Julie uma jovem estudante cheia de
sonhos. Nessa parte os dois se apaixonam
perdidamente um pelo outro, transformando o sentimento de loucura da primeira
noite juntos, em promessas que culminaram com um casamento escondido. Então ao saber
da questão Philip pai de Meredith fica transtornado e tenta separar os dois,
porém eles ficam irredutíveis. Mas como ainda estamos no "início" do
livro claro que ainda ia acontecer muita coisa, então os protagonistas se
separam por tragédias, mal entendidos e nesse meio tempo cada um resolve
reconstruir sua vida passando assim 11 anos. Na parte principal da história
Meredith está com 29 anos, concorrendo a presidência interna da Bancroft's,
amiga de Lisa Pontini e acaba de se tornar noiva de Parker Reynolds, ou seja,
tem a vida que ela sonhou quando tinha 14 anos e a imprensa a via como Grace
Kelly na juventude. Matthew Farrell virou um empresário astuto super
conceituado e com relacionamentos com mulheres variadas sem se comprometer,
estava de volta a Chicago pela nova empresa que havia comprado. Num baile
beneficente, Meredith não trata Matthew bem e acaba virando notícia. Mas o pior
estava por vir seu noivo descobre algumas coisas sobre seu casamento que vão
fazer da vida da protagonista até então perfeita de cabeça para baixo. Então
encerro de contar um resumo da história nessa parte, para deixá-los curiosos
sobre o que ainda estava por vir, mas aqui começa um jogo de provocações e
sentimentos muito forte, situações mal resolvidas vindo a tona, suspense sobre
ações e utilização de partes que pareciam desconectadas da histórias, mostrando
o grande talento da autora sobre fazer ligações dos trechos do livro.
Eu amo
demais a escrita da Judith, porque a gente percebe como os sentimentos movem as
pessoas, amor, raiva, vingança, obsessão, frustração amizade, movimentam as
ações de seus personagens, sempre muito bem descritos e ligados.
E o que
falar da escrita da autora, no agradecimento do livro eu notei algo bem
curioso, voltado para advogados e grandes empresários de lojas de departamento,
e o resultado foi uma aula de como funcionava esse tipo de empresa, com
situações cotidianas de reuniões de diretoria, brigas, propostas de estratégias
de vários setores e também apresentação de leis, que eu imagino tenha sido um
trabalho árduo da autora para enriquecer a história.
Então o
livro é muito mais que uma linda história de amor, daquele tipo modifica a
vida, que não vira rotina e posteriormente tédio, deixando tudo de cabeça pra
baixo e abalando estruturas de mundinhos perfeitos, mas a mostra de um dia a
dia de uma mulher sofrendo preconceitos até do próprio pai, embora fosse rica,
porque queria assumir seu lugar por direito, seu trabalho e sua vida pessoal e
como seus sentimentos faz com que ela tome certas decisões em cada campo.
Matthew
nosso mocinho, é um obstinado e muito emocional, gosta de provocar reações
intensas nas pessoas, raiva, frustração, amor e ele mesmo é intenso algumas
vezes dando gargalhadas, isultando e também chorando. Um exemplar maravilhoso
de se ler.
Temos
também outros personagens de importante papel, como Philip pai de Meredith, que
por mais que demonstrasse ser o vilão da história tem um passado que embora não
justifique, amenize suas ações e eu também pessoalmente achei muito influenciável
e até mesmo burro e incompetente em
determinados pontos da história. Lisa amiga irmã de Meredith, foi leal o tempo
todo dando ótimos conselhos e chacoalhando com suas tiradas sarcásticas a vida
da mocinha destacando suas críticas ao noivo Parker. Falando nele, foi muito
bacana no início do livro um exemplar muito educado de homem, continuou no
decorrer do livro, porém teve de certa forma um orgulho ferido sobre a
situação. Destaque pra mim merecido foi sobre o advogado Stuart, super
engraçado competente e observador, foi responsável por uma das melhores cenas
do livro, um encontro particular com Matthew, após uma reunião de conciliação entre marido e mulher que me fez dar algumas risadas.
Eu não
sei o que acontece comigo, que embora os assuntos tratados no livro seja
sérios, eu me divirto com as situações que ela coloca os personagens, como uma
espécie de humor sádico, do tipo quero ver o que a autora vai aprontar agora.
Casos com imprensa, ameaças, especulação, assassinatos, confrontos tudo isso está
muito bem descrito no livro, então é uma história intensa e cheia de
sentimentos. O que posso dizer então acho que a frase "Já não se fazem
livros como antigamente", cairia bem nessa situação, ponto para Judith
Mcnaught sempre causando muitas emoções em suas obras.